Quando uma organização entra no mercado, independente do seu porte ou segmento, ela deve seguir alguns princípios relacionados à ética em empresas para garantir sua sobrevivência, reputação e bons resultados. Um código moral que, formalizado ou não, rege os princípios morais e regras do bom proceder que são aceitos pela sociedade.
Nas empresas familiares, a necessidade de se agir com ética não é diferente. Apesar de já serem mais movidas em sua essência por valores humanos do que pelo lucro, muitos já foram os casos de empresas familiares que após algumas gerações acabaram se desviando desse propósito e seguindo caminhos duvidosos, e em alguns casos até criminosos.
No artigo de hoje, iremos abordar as diferenças entre as empresas familiares das empresas tradicionais no que diz respeito à ética empresarial e a importância de se manter a vigilância constante na ética a cada geração.
A Ética nos negócios
Ética empresarial é um assunto que está cada vez mais em alta. Está cada vez mais comum ver noticiários reportando casos de empresas privadas que fizeram escolhas duvidosas em busca do lucro. Em muitos casos a pressão empresarial pelo crescimento faz com que grandes negócios caiam na tentação de buscar atalhos ou operar de maneira errada para conseguir aumentar seus números e acabam pagando caro por isso.
Quando o assunto é empresas familiares, elas tendem a se diferenciar nesse aspecto, felizmente para melhor. Pelo posicionamento e relação privada dos donos e acionistas, geralmente não há a pressão do aumento drástico de números nos relatórios periódicos. É bem comum inclusive de se ver empresas familiares tomando decisões de negócios que seriam consideradas absurdas aos olhos de donos de negócios comuns, mas que são feitas pois fazem sentido com os valores da empresa e com os seus objetivos de longo prazo. Isso ocorre porque negócios familiares são construídos em cima de valores como integridade, confiança e comprometimento. Não se trata apenas de negócio, é algo pessoal.
O reflexo disto é a boa reputação de empresas familiares, que são consideradas pelo público externo como mais confiáveis e respeitadas que empresas não-familiares.
A bola de neve da ética
Se em empresas familiares são tão movidas por valores morais e éticos, por que é tão importante possuir um código de ética e se manter tão apegado a algo que em teoria está enraizado na cultura da organização? A resposta está ironicamente no mesmo motivo que dá a confiabilidade aos negócios familiares, a relação pessoal.
Desviar da ética em uma empresa familiar funciona como uma bola de neve. Cada decisão individual que não está de acordo com com os valores da organização, faz com que o próximo ocorra com mais facilidade. É o clássico caso do “só dessa vez”. Onde regras vão sendo quebradas, decisões vão sendo tomadas e na grande maioria dos casos, o “só dessa vez” acontece com mais frequência do que deveria. Principalmente quando se trata das gerações posteriores.
Nem sempre é possível estender os valores que constituem o alicerce da empresa para todos os membros familiares da organização. Sem uma vigilância constante da ética e moral da empresa, é comum que os valores se tornem vagos conforme as gerações passem.
Construindo uma ética duradoura em empresas familiares
Deixamos aqui algumas dicas para construir uma ética empresarial duradoura:
- Construir um código de ética para oficializar os valores da empresa é importante, mas acima de tudo é preciso de exemplos a serem seguidos. O caminho das boas práticas precisa vir de cima. Um código de ética que não é seguido por acionistas, proprietários ou pior, que é seguido de forma contrária se torna apenas um pedaço de papel.
- Lembre a todos das histórias que foram construídas dentro da empresa. Não apenas as de sucesso, mas também as de fracasso. Entender que os momentos bons vieram de fases ruins e os sacrifícios que foram feitos é uma boa forma de evitar que as futuras gerações caiam na tentação de comprometer os valores da empresa e se desviar da ética.
- Não deixe que o lucro se torne o objetivo principal. Estudiosos e pensadores falam sempre que o propósito de uma empresa é maximizar os ganhos para os acionistas, e isso pode ser verdade para empresas tradicionais, mas empresas familiares têm a liberdade de serem diferentes, priorizando a harmonia familiar, responsabilidade social e o bem estar da comunidade. Quando uma empresa familiar tende a o lucro em detrimento dos seus consumidores e da comunidade em que está inserida, ela pode se desviar para um caminho que irá arruinar sua reputação e confiabilidade.
- “Profissionalizar” a empresa não significa retirar sua essência. Muitos acreditam que existe uma dualidade entre empresas familiares e empresas profissionais ou tradicionais e pensam que buscar a lucratividade e evolução de um negócio requer que a empresa modifique seus valores. Empresas não precisam ser máquinas de gerar dinheiro, é possível obter lucro e crescer mantendo valores humanos.
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